quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Bibliotecas: espaços de mediação do conhecimento


Discutir sobre a questão das bibliotecas na sociedade brasileira é algo que requer cuidado. Isso porque a Infraestrutura adequada de informação, qualificação profissional dos funcionários da organização, quantidade adequada de bibliotecários, orçamento destinados aos projetos são alguns entre os vários elementos que interferem no desempenho dessas organizações. Além dessas questões, existem polêmicas e “angústias” para a própria comunidade de bibliotecários, por exemplo, responder questões como: Biblioteca para quê? Para quem? Com qual objetivo e missão?

 De acordo com o Christian Jacob, na obra o poder das bibliotecas, mais do que um edifício que deseja conciliar a universalidade e a necessidade pessoal da seleção; o estímulo à leitura e à busca do conhecimento, a biblioteca é espaço para o desenvolvimento das práticas culturais e científicas direcionadas por um projeto com concepções implícitas da cultura, do saber e da memória. Isto é, pensar em bibliotecas significa compreendê-las de maneira indissociável da história da cultura e do pensamento.

 As bibliotecas são, tradicionalmente, espaços de preservação e difusão do patrimônio intelectual, cultural e artístico, sobretudo, espaços que favorecem e fomentam os processos de aprendizagem. Nesse sentido, não devem atuar simplesmente como “armazéns” ou locais de acesso à informação! Isso é possível por meio da medição dos bibliotecários, profissionais capacitados a buscar e usar informação.

  A informação é tudo aquilo que se encontra registrado em determinada linguagem, com potencial para ser decodificado e interpretado. Por exemplo, artigos de jornais e de revistas, programas de TV, livros, quadrinhos, sites da internet são informações. Corremos o risco de sermos inundados diariamente pelas ondas de informação e permanecer ignorantes. Informação não significa necessariamente conhecimento. Para adquirir conhecimento é necessário, decodificar, interpretar, relacionar as informações com as experiências prévias, aplicar o conhecimento. Dessa forma, entregar um livro a alguém, ou ter acesso à internet não significa conhecimento!

 A diferença é grandiosa, quando é possível contar com bons profissionais da informação! O bacharel em Biblioteconomia possui formação ampla que envolve disciplinas de gestão, de processamento técnico, uso das tecnologias, dentre outras. O papel do bibliotecário é auxiliar os usuários a buscar informações para atingir seus objetivos. Parece fácil? Muitas vezes, os usuários não sabem o que realmente precisam, não sabem selecionar e diferenciar as informações científicas e tecnológicas daquelas encontradas em qualquer lugar.  Possuem dificuldades em usar instrumentos e técnicas para produzir conhecimento e estruturá-los adequadamente. Ou seja, do bibliotecário exige-se competências mínimas para mediar e orientar os usuários a lidarem com a informação.
Isso requer planejar ações e estratégias que coloquem o usuário e a aprendizagem no cerne da questão.  As preocupações dos bibliotecários não podem mais se restringir ao tipo de acervo, de gestão ou técnicas para tratar, organizar e disseminar informação. Sugerimos que a pergunta do momento seja: como podemos auxiliar os usuários a transformarem informação em conhecimento? Quais são as ações culturais, pedagógicas e educativas necessárias?

A City Centre Library, por exemplo, moderna biblioteca inaugurada recentemente em Surrey, no Canadá, ao perceber a concorrência da internet, os e-books e os cortes no orçamento dos serviços públicos, engaja voluntários para participarem do projeto “livros vivos”. Essas pessoas ficam disponíveis durante um período de tempo para conversar com o público sobre assuntos que dominam. Mais do que acesso à informação, a idéia é proporcionar trocas de experiências com pessoas da própria comunidade, favorecendo o conhecimento. Outras ações são leituras para bebês, orientação para as tarefas de casa, prática de leitura aos alunos das séries iniciais com ajuda de adolescentes inscritos nos programas, clube de leitura on-line para adolescentes, dentre vários outros programas.
Em Brasília, a Biblioteca Demonstrativa, situada na EQS 506/507 W3 Sul, implementa projetos voltados para a medição do usuário, por exemplo, palestras, cursos e oficinas, exposições, tira dúvidas. São essas ações que fazem a diferença entre livrarias, internet, banca de revistas e as bibliotecas! As bibliotecas não podem ser como palheiros, em que os usuários tentam achar uma agulha! Tampouco, podem ser vistas como templos do saber, distantes da realidade. Ao contrário, devem ser compreendidas e usufruídas como locais de aprendizagem e de consumo de cultura, que podem favorecer o uso do pensamento reflexivo e da visão critica. É local de humanização, de aprender a aprender, de despertar os sentidos! Por isso, diga não as bibliotecas sem bachareis em Biblioteconomia!

 Referencias:
Biblioteca Demonstrativa de Brasilia. www.bdb.org.br/
City Centre Library. http://www.surreylibraries.ca/
JACOB, Christian; BARATIN, Marc. O poder das Bibliotecas: a memória dos livros no ocidente. Rio de Janeiro: UFRJ, 2000.
Como citar: GASQUE, Kelley Cristine Gonçalves Dias. Bibliotecas: espaços de mediação do conhecimento.  Blog informar e conhecer. Disponível em: < http://kelleycristinegasque.blogspot.com/>.

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