domingo, 22 de novembro de 2015

Está difícil articular o texto?

Ao corrigir trabalhos científicos, percebo a dificuldade que os estudantes possuem em articular os assuntos no texto. Em geral, começam a escrever sobre um tópico, passam para outro e voltam no assunto. Outros colocam um título e escrevem os primeiros parágrafos sobre o assunto, depois vão se perdendo ao longo do texto. Ou seja, para muitos isso vira uma verdadeira bagunça!!! Quem lê esse tipo de texto tem a mesma sensação que uma mãe tem ao chegar ao quarto do filho, que ficou uma semana sem arrumar: fechar a porta e sair dali correndo. No caso do quarto há meias, sapatos, roupas, material de escola, jogos... tudo jogado pelo chão, armários com portas abertas...um caos! Igualmente, ocorre com o leitor ao encontrar texto com assuntos salpicados ao longo do texto: deixar o texto de lado. Preferencialmente, jogá-lo fora!

Escrever se aprende escrevendo, fazendo autocorreção e buscando ler sobre o ofício de escrever.  Evidentemente, não queremos nos tornar professores de língua portuguesa, mas sim escrever bem o texto científico para que os leitores possam compreender a nossa mensagem.

O que significa articular o texto, grosso modo?

articular1 (ar.ti.cu.lar). v. 1. Unir(-se) por pontos de junção, de articulação, de modo que cada parte possa mover-se independentemente (www.aulete.com.br/articular)

         Articular o texto significa construir pontos de ligação no texto, que permitam que o leitor compreenda a trajetória de ideias do autor. Um texto é bem articulado, quando possui coerência textual e coesão. A coerência textual refere-se à organização lógica das ideias e sentido e a coesão refere-se à vinculação entre as parte dos texto.

Um texto precisa ter macroestrutura bem organizada com introdução, meio e fim. Em geral, o assunto principal do texto é representado pelo título. Nesse sentido, o título e texto estão vinculados. No texto, há vários subtítulos para representar os subtópicos, que também devem estar vinculados. A dica é que o título ou subtítulo podem ajudar a delimitar o assunto a ser descrito.

Contudo, para que o texto fique articulado, é importante que o autor elabore um plano de trabalho, em que descreverá como abordará o assunto e  delimitará o objeto. Ou seja, é importante fazer um roteiro do assunto a ser abordado. Isso pode ser feito mentalmente, se preferir!  Um exemplo: se alguém precisar escrever sobre biblioteca escolar (BE), um roteiro possível seria:

·      Apresentar  o conceito de BE.
·      Descrever breve histórico da BE no Brasil.
·      Abordar a importância da biblioteca na escola e as funções, serviços e produtos.
·      Analisar a lei sobre a universalização da biblioteca escolar.
·      Discutir  as tendências da BE.

            Com o roteiro em mente, o autor deve construir o texto sempre verificando se continua a seguir a linha proposta no roteiro para que o texto apresente uma organização lógica, a denominada coerência.

Outra dica importante: pense no texto como a união de vários módulos, cada módulo (subtópico) trata de um assunto, portanto deve-se evitar misturar esses subtópicos. Um assunto não deve ser como orégano que salpicamos aleatoriamente em cima da pizza. Os assuntos gostam de grupinhos, de ficarem juntos, são elitistas!

          Em relação à coesão, podemos compreendê-la como mecanismo linguístico que articula as sentenças entre si – a sentença anterior com a que virá depois.
Por exemplo:  o indivíduo letrado informacionalmente desenvolve competências para lidar efetivamente com a informação, consequentemente consegue gozar os direitos e deveres da cidadania.

Na frase há uma relação de consequência entre as sentenças. A coesão ocorre em função  das relações de sentido existente entre os enunciados.Tais relações são  possiveis com o uso dos conectivos ou elementos de coesão; preposições, conjunctões, advérbios, etc.

É isso!!! Escrevam muito, pratiquem! Muito sucesso!!!

Referencias:


Dicionário online Caldas Aulette. 
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para Entender o Texto: Leitura e Redação. 18 ed. São Paulo: Ática, 2007.



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