sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Informação não é conhecimento!


A sociedade contemporânea nos brinda com milhões de informações produzidas no cotidiano. Pela TV,  acessamos centenas de canais que tratam dos mais variados assuntos. As rádios "tocam" musica e informação ininterruptamente. As novelas apresentam enredos que prendem o telespectador e, muitas vezes, suscitam reflexões sobre vários aspectos. Na internet, som, imagens, palavras borbulham intensamente pelos blogs, sites, vídeos, jornais, redes sociais. Em muitas casas, os jornais impressos chegam ao alvorecer, com relato de fatos e eventos ocorridos na região, no país e no mundo!
"Bollywood", a indústria de filmes indianos, produz centenas de filmes mensalmente! 
As bibliotecas anseiam para que os leitores tenham uma experiência de transmutação, que adquiram conhecimentos por meio das obras que disseminam. As livrariam organizam estrategicamente as obras para seduzir clientes...
Pode-se observar que nunca na história da humanidade se produziu tanta informação!!!

A questão é: com tantas informações produzidas no nosso mundo, não deveríamos ser mais sábios?

A resposta que está na ponta da língua é: SIM!!!, porém as coisas não são tão simples e fáceis de resolver. O fato de termos facilidade de acesso é o primeiro passo para o conhecimento e sabedoria, mas somente isso não é suficiente, pois precisamos criar uma cultura educacional que possibilite as pessoas transformarem informação em conhecimento, de forma reflexiva e autônoma.

Desde a antiguidade, o homem tenta armazenar, organizar e preservar a informação. Na biblioteca de Alexandria, Calímaco, o poeta bibliotecário, produziu o primeiro catálogo de obras, em diversas áreas do conhecimento, o qual foi denominado PINAKES. Em diversas momentos da história humana, houve tentativas de controlar a informação. No final do século XIX, por exemplo, Paul Otlet e Henri La Fontaine vislumbraram uma "cidade do conhecimento", chamada originalmente de "Palais Mondial" ("World Palace", "Palácio Mundial"). Tal cidade serviria como centro de informações mundial. Mais adiante, o empreendimento foi denominado Mundaneum  e conteve cerca de 100.000 arquivos e milhões de imagens. Posteriormente, em 1934, teve seu acervo disperso por várias instituições até ser fechado. Atualmente, os países tentam controlar a informação produzida no âmbito de seus limites, capitaneada pelas bibliotecas nacionais por meio de instrumentos como o ISBN, ISSN, catalogação na fonte, serviços cooperativos, etc. Esse movimento é denominado Controle Bibliográfico Nacional. A ideia subjacente é o controle, organização e dissseminação da informação e, por consequência, competitividade e poder das nações.

Muitos estudiosos e pesquisadores entusiasmados com a produção de conhecimento e com a possibilidades de propagação da informação por meio das tecnologias da comunicação e informação começaram a denominar a referida sociedade de sociedade da informação. Contudo, ter acesso à informação não significa apreender a informação, deter o conhecimento ou torna-se mais sábio. Se o primeiro passo para uma sociedade mais reflexiva é o acesso à informação, o segundo passo é potencializar as formas de aquisição do conhecimento. Não existe mágica! Grosso modo, informação só se transforma em conhecimento mediante o processamento cognitivo, pelo meio do qual o sujeito conecta as novas informações ao seu arcabouço conceitual, considerando as suas experiências, crenças e vivencias do cotidiano.

O processo que transforma informação em conhecimento é a aprendizagem. Daí, que alguns pesquisadores passaram a usar o termo sociedade da aprendizagem para definir o movimento em quem estamos inseridos. Assim, envolver as pessoas em um fluxo de aprendizagem e proporcionar educação de qualidade possibilitam uma sociedade mais  reflexiva, democrática e fraterna. Importante lembrar que a reflexão é necessária para a educação de qualidade. Ora, John Dewey argumentava que ninguém reflete sem considerar a informação e a experiência.

Assim, conhecimento não é algo que se transmite, mas aquilo que o sujeito conquista por meio do esforço, da disciplina e da curiosidade, considerando os processos cognitivos como percepção, atenção, memória, dentre outros. O conhecimento é, portanto, algo pessoal e intransferível.

O vídeo do comercial de TV elaborado pela o jornal “O Estado de S. Paulo” mostra de forma objetiva as comparações entre conhecimento e informação. 

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