A sociedade contemporânea nos brinda com
milhões de informações produzidas no cotidiano. Pela TV, acessamos centenas de canais que tratam dos mais variados assuntos. As rádios "tocam" musica e informação ininterruptamente. As novelas apresentam enredos que
prendem o telespectador e, muitas vezes, suscitam reflexões sobre vários
aspectos. Na internet, som, imagens, palavras borbulham intensamente pelos
blogs, sites, vídeos, jornais, redes sociais. Em muitas casas, os jornais
impressos chegam ao alvorecer, com relato de fatos e eventos ocorridos na
região, no país e no mundo!
"Bollywood", a indústria de filmes indianos,
produz centenas de filmes mensalmente!
As bibliotecas anseiam para que os leitores
tenham uma experiência de transmutação, que adquiram conhecimentos por meio das
obras que disseminam. As livrariam organizam estrategicamente as obras para
seduzir clientes...
Pode-se observar que nunca na história da
humanidade se produziu tanta informação!!!
A questão é: com tantas informações produzidas
no nosso mundo, não deveríamos ser mais sábios?
A resposta
que está na ponta da língua é: SIM!!!, porém as coisas não são tão simples e
fáceis de resolver. O fato de termos facilidade de acesso é o primeiro passo
para o conhecimento e sabedoria, mas somente isso não é suficiente, pois precisamos
criar uma cultura educacional que possibilite as pessoas transformarem
informação em conhecimento, de forma reflexiva e autônoma.
Desde a
antiguidade, o homem tenta armazenar, organizar e preservar a informação. Na
biblioteca de Alexandria, Calímaco, o poeta bibliotecário, produziu o primeiro
catálogo de obras, em diversas áreas do conhecimento, o qual foi denominado
PINAKES. Em diversas momentos da história humana, houve tentativas de controlar
a informação. No final do século XIX, por exemplo, Paul Otlet e Henri La
Fontaine vislumbraram uma "cidade do conhecimento",
chamada originalmente de "Palais Mondial" ("World Palace",
"Palácio Mundial"). Tal cidade serviria como centro de informações
mundial. Mais adiante, o empreendimento foi denominado Mundaneum e conteve cerca de
100.000 arquivos e milhões de imagens. Posteriormente, em 1934, teve seu acervo disperso por várias instituições até
ser fechado. Atualmente, os países tentam controlar a informação produzida no
âmbito de seus limites, capitaneada pelas bibliotecas nacionais por meio de instrumentos
como o ISBN, ISSN, catalogação na fonte, serviços cooperativos, etc. Esse
movimento é denominado Controle Bibliográfico Nacional. A ideia subjacente é o
controle, organização e dissseminação da informação e, por consequência,
competitividade e poder das nações.
Muitos estudiosos e pesquisadores entusiasmados com a
produção de conhecimento e com a possibilidades de propagação da informação por
meio das tecnologias da comunicação e informação começaram a denominar a referida
sociedade de sociedade da informação. Contudo, ter acesso
à informação não significa apreender a informação, deter o conhecimento ou
torna-se mais sábio. Se o primeiro passo para uma sociedade mais reflexiva é o
acesso à informação, o segundo passo é potencializar as formas de aquisição do
conhecimento. Não existe mágica! Grosso modo, informação só se transforma em
conhecimento mediante o processamento cognitivo, pelo meio do qual o sujeito
conecta as novas informações ao seu arcabouço conceitual, considerando as suas
experiências, crenças e vivencias do cotidiano.
O processo
que transforma informação em conhecimento é a aprendizagem. Daí, que alguns
pesquisadores passaram a usar o termo sociedade da aprendizagem para definir o
movimento em quem estamos inseridos. Assim, envolver as pessoas em um fluxo de
aprendizagem e proporcionar educação de qualidade possibilitam uma sociedade
mais reflexiva, democrática e fraterna. Importante
lembrar que a reflexão é necessária para a educação de qualidade. Ora, John
Dewey argumentava que ninguém reflete sem considerar a informação e a
experiência.
Assim, conhecimento
não é algo que se transmite, mas aquilo que o sujeito conquista por meio do
esforço, da disciplina e da curiosidade, considerando os processos cognitivos
como percepção, atenção, memória, dentre outros. O conhecimento é, portanto,
algo pessoal e intransferível.
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